LAPSOS

O homem, desde os primórdios de sua existência desejou o horizonte e desafiou as distâncias. Questionou sua origem e lançou dúvidas quanto a sua solidão, no universo.
Ergueu o olhar para o infinito, vasculhou entre as estrelas. Quanto mais longe viu, mais o horizonte se expandiu.
 
A ficção extrapola a realidade, vira-a do avesso e se apropria de cada detalhe para criar seu universo. Então, se por algum tempo pudermos acreditar no mundo que a ficção propõe, ele passa a existir.
J.C.Hesse

Hora de partir.

1.Impacto

— Mãe, por que esta placa fica grudada ai na coluna?
— Meu bem, quando fizer dez anos poderá entender. Mas é para a gente lembrar o quão somos pequenos.
— Igual eu?
— Menor filho.
— Quem pichou ela?
— Não tem nada ai filho. Vamos para casa.


Mãe e filho vão embora, aos poucos surge uma mancha sobre a placa, até ficar cintilante: E o poema da vida ganhou cores, há algo mais no negrume pontilhado. O grande conquistador não está só. Nunca esteve!
Dezenove de janeiro de dois mil trezentos e cinquenta e três, órgãos de defesa do planeta Terra seguem mobilizados. Há exatos seis meses todas as bases entraram em estado de prontidão após um sinal de rádio ser captado e decodificado. A interpretação foi considerada como “sem significação”, não se assemelhando a nada conhecido na Terra. Mesmo os sinais sendo capturados continuamente atribuíram à casualidade do universo, ecos gerados espontaneamente pelo choque de corpos celestes. Outro fato que contribuiu, no princípio, para esta conclusão foi sua origem:
Cinturão de Kuiper. Exageração, esta foi a conclusão, já que se tratava de uma sequência de sons sem sentido algum: “OJOCOSIPONEUTADA POIJOPOUBDA RAHINEJOA TINENEMUNE UGETUNE LUALIBADA HAFIDA”.


E assim começa mais um trabalho.

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